|
|
Há vinte e sete anos, Fernando
da Silva Lage instituiu-se como fundição
de bronze, sita na rua Futebol Clube de Oliveira do Douro, nº120 em
Oliveira do Douro.
Aos catorze anos de idade começou a trabalhar como aprendiz de moço
de serralharia, na “Fundição Guedes” em Vila Nova de Gaia.
No entanto com o decorrer do tempo e dos períodos de crise instalados,
esse fundição entrou em abrandamento produtivo dada a escassa
procura, ao que também se associou a idade avançada do patrão,
o senhor António Guedes. A fim de fazer frente às dificuldades,
o serralheiro Fernando Lage, a mando do patrão, “corria pelos clientes”
para vender peças de pequeno formato, em bronze da autoria de escultores
Teixeira Lopes e de Soares dos Reis. Contudo pressentindo um qualquer desfecho,
como o “passe” / trespasse, e vendo que a oficina não tinha as condições
pretendidas, Fernando Lage resolveu montar um barraco, no terreno da sua
casa alugada (que mais tarde veio a comprar), onde instalou uma pequena oficina,
tendo contratado para fundidor o Sr. Fernando Santos, que trabalhava numa
fábrica de candeeiros.
Se em boa hora o fez, em tempo mais oportuno lhe ocorreu uma encomenda de
Cristos, à volta de 500 para o Hospital de Santo António. Na
altura, uma das últimas encomendas da “Fundição Guedes”
foram as esculturas da ponde da Arrábida, tendo o trabalho sendo fundido
no “Guedes”, mas acabado, em parte, no barraco do Sr. Lage, onde outros empregados
iam também ajudá-lo ao fim-de-semana. Mas foi com a encomenda
de Cristos do Hospital que o Sr. Lage ficou economicamente mais desafogado,
tendo, entretanto, a “Fundição Guedes” fechado e passado, posteriormente,
para novo patrão. Alguns dos então empregados, os mais velhos,
como o Sr. Joaquim Lopes que era o fundidor principal, passaram a trabalhar
para o Sr. Lage, tendo este seguido a estratégia do anterior patrão,
ou seja, continuou a fundir pequenas peças de Soares dos Reis e de
Teixeira Lopes, daí que a Flor Agreste, da autoria de Soares dos Reis,
tinha sido símbolo adoptado na denominada “Fundição
Fernando da Silva Lage”.
Fruto do trabalho, da dedicação e
da vontade de vencer, a Fundição Lage foi crescendo, investindo
e assim se desenvolveu, tornando-se, em 1997, comum a dois sócios
– o pai (que até então era o fundador, o legítimo proprietário,
com a firma em nome individual) e o filho (que nesta altura trabalhava como
empregado na serralharia da empresa do pai). A nova sociedade, constituída
por cotas, alicerça-se num montante de 50% do capital social, pertença
de Fernando da Silva Lage, e a outra parte de igual montante é a pertença
de Fernando António Duarte Lage. A partir desta data, a empresa adopta,
como nova designação, o nome de Fundição de Bronzes
de Arte Lage, Lda., e situa-se no mesmo adereço da anterior. Actualmente,
poderemos considerá-la uma das maiores empresas do ramo implantadas
no país. Tem quinze empregados, de média idade, entre fundidores
e serralheiros.
A nova gerência, motivada pelo sentido de renovação e
de qualidade, apostou, todavia, em novas matérias diferenciadas de
moldagem, assim como equipamentos, e processos técnicos afins, ao
mesmo tempo que foi adquirindo velhos imóveis, anexos à oficina-mãe.
Estes foram reconstruídos e adaptados para dar lugar a ateliês
de escultura, onde um vasto nome número de artistas tem realizado
as suas obras de arte, bem como a passagem a gesso pelos respectivos formadores.
Não podemos deixar de enaltecer, igualmente, o condigno arranjo do
espaço exterior da estrada, com lugares privados, de aparcamento para
veículos de escultores e de outros clientes. O pai, Fernando da Silva
Lage, homem modelado pela experiência da vida, articula-se na plenitude
com a ousada e destemida vontade do filho, Fernando António da Silva
Lage, os quais, conjuntamente, pautam pela qualidade do produto final e bronze,
o trabalho da empresa, o que a tem tornado numa das mais procuradas do país.
Bem hajam.
José Nobre
Escultor
|